Atualmente, as doenças cardiovasculares são as maiores causas de mortalidade e morbidade em nível global.
Isto fica claro com os dados da OMS, visto que nas últimas décadas, das 50 milhões de mortes, cerca de 30% foi por doenças cardiovasculares, ou seja, 17 milhões de pessoas.
Pensando nisso, há diversas ações que podem prevenir essas doenças. Assim, a Telemedicina na cardiologia pode proporcionar uma atuação mais eficaz na prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento/ monitoramento da saúde dos pacientes.
Estratificação do risco cardiovascular
Para orientar ações preventivas a cada paciente, precisamos identificar qual risco cardiovascular o paciente tem que justifique tais mudanças, para prevenção e promoção da saúde.
Diante disso, há os escores de risco cardiovascular. Veja a seguir os detalhes de cada escore:
- Escore de Risco de Framingham: esse instrumento estima a probabilidade de ocorrer infarto do miocárdio ou morte por doença coronária no período de 10 anos em indivíduos sem diagnóstico prévio de aterosclerose;
- Escore de Risco de Reynolds: já esse escore, estima a probabilidade de Infarto do miocárdio, AVC, morte e revascularização em 10 anos, a partir de diversos critérios como a Proteína C- reativa e o antecedente familiar de doença coronariana prematura;
- Escore de Risco Global: o ERG avalia o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico (AVE), insuficiência vascular periférica e insuficiência cardíaca em 10 anos;
- Risco pelo Tempo de Vida: por fim, esse estima a probabilidade de um indivíduo, depois dos 45 anos de idade, apresentar um evento isquêmico.
O objetivo de avaliar essas probabilidades em cada paciente, é mostrar os riscos e assim motivacionar os indivíduos com baixo risco predito em curto prazo, mas que a longo prazo possuem alto risco.
Com isso, é possível intensificar e fortalecer as mudanças de estilo de vida e controle dos fatores de risco.
Importância da prevenção das doenças crônicas não transmissíveis
Segundo a OMS, ¾ da mortalidade cardiovascular podem ser reduzidas com as mudanças no estilo de vida.
Além disso, a Telemedicina é importante ferramenta para auxiliar nas orientações personalizadas a cada paciente sobre a prevenção e diagnóstico precoce das doenças cardiovasculares.
Fatores de risco para as doenças cardiovasculares
Os estudos mostram que existem mais de 1 bilhão de fumantes no mundo, e cerca de 80% deles vivem em países de baixa e média rendas. Como resultado do tabagismo, cerca de 50% das mortes evitáveis entre indivíduos fumantes poderiam ter sido evitadas com o abandono do fumo, sendo a maioria por doenças cardiovasculares.
Sabe-se que o risco de infarto agudo do miocárdio é 2 vezes maior entre os fumantes com idade superior aos 60 anos e 5 vezes entre os com idade inferior aos 50 anos, quando comparado aos não fumantes.
Prevenção do Tabagismo
As medidas mais efetivas para a prevenção do tabagismo entre as crianças, são:
- Perguntar aos pais e familiares sobre os hábitos de fumar em casa;
- Aconselhar a manter o mesmo ambiente com a criança livre da fumaça do cigarro;
- Informar sobre os riscos para as crianças e pais;
- Ajudar aos pais na tentativa de interromper o tabagismo;
- Agendar a reavaliação constantemente e checar o progresso da família, na tentativa de prevenir que as crianças tenham esse vício.
Já em relação as ações para prevenção do tabagismo entre adultos, são:
- Escutar o paciente sobre o comportamento de fumar;
- Aconselhar a interrupção do vício;
- Reforçar os riscos à saúde pessoal e com quem convive com o paciente;
- Elogiar e motivar os adolescentes/adultos que não estão fumando e lembrar os riscos à saúde;
- Avaliar os fatores de risco para a iniciação de fumar entre os que não estão fumando;
- Ajudar aos acompanhantes desses pacientes sobre a prevenção do tabagismo;
- Agendar reavaliação periódica para o monitoramento da saúde desses paciente.
Dieta e atividade física
As doenças cardiovasculares estão muito associadas com o estilo de vida e maus hábitos alimentares. Baseado nisso, é fundamental estimular uma alimentação saudável e equilibrada associado a prática de exercícios físico regulares.
Dessa forma, para uma dieta equilibrada com impacto positivo na redução da Pressão arterial, é preciso ser rica em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de gordura.
Foi visto que essa dieta, ao longo prazo, proporcionou redução em 14% o desenvolvimento da hipertensão.
Associado a essa mudança alimentar, é importante a prática regular de atividade física aeróbica, como caminhadas, por pelo menos 30 minutos, 3 vezes/ semana.
Obesidade e sobrepeso
A prevalência de sobrepeso e obesidade aumenta exponencialmente desde 1974 até os dias atuais. Nessa perspectiva, o Brasil ocupa o 4º lugar entre os países com maior prevalência de obesidade, e pela primeira vez o número de adultos com sobrepeso é maior que baixo peso.
Inegavelmente a obesidade é considerada um dos fatores predisponentes ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis, visto que está associada a outras enfermidades como: hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes mellitus tipo 2 e certos tipos de câncer.
Com isso, as intervenções para mudança nesse cenário deve ser combinação entre as mudanças ambientais e comportamentais do paciente com fatores de risco cardiovasculares.
Recomendações para prevenção da Obesidade
- Três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia;
- Não deve-se pular as refeições básicas diárias;
- Evitar comer entre as refeições;
- Observe os rótulos dos alimentos;
- Evitar refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas;
- Beba bastante água;
- Realizar pelo menos 30 minutos de atividade física;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
Hipertensão arterial
Outro importante fator de risco para o desenvolvimento da doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e doença cerebrovascular é a Hipertensão arterial.
Conforme eleva a pressão arterial a partir de 115 x 75 mmHg, há aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares para aqueles pacientes com outros fatores de risco associados.
Diante disso, é importante ressaltar medidas para prevenção primária para HAS e consequentemente prevenir as doenças cardiovasculares.
Prevenção Primária da HAS
A recomendação para a prevenção primária são para aqueles indivíduos com pressão arterial limítrofe. Sendo as melhores medidas para a redução da PA, são as mudanças no estilo de vida e hábitos de vida saudáveis desde a infância.
- Alimentação saudável;
- Baixo consumo de sódio e álcool;
- Adequada ingestão de potássio;
- Combate ao sedentarismo e ao tabagismo;
- Controle do peso corpóreo.
Dislipidemia
A dislipidemia é considerada um dos fatores de risco modificáveis da doença arterial coronariana.
Entenda como prevenir a dislipidemia
- Terapia nutricional;
- Perda de peso;
- Atividade física.
Ademais, deve-se orientar a seleção dos alimentos, seu preparo, a quantidade a ser consumida e possíveis substituições.
Já a ingestão de fibras apresenta impacto menor, segundo estudos anteriores, mas mesmo assim ainda se mostra efetiva na redução do colesterol.
Diabetes
O panorama dos pacientes com diabetes mellitus no mundo em 2030 é cerca de 300 milhões, o que desperta a necessidade das ações de prevenção para essas doenças.
Entretanto, esses números estão em constante elevação devido ao envelhecimento da população, urbanização crescente, sedentarismo e aumento da obesidade.
Prevenção do Diabetes mellitus
As medidas eficazes para redução da glicemia e do peso são:
- Mudanças no estilo de vida;
- Dieta equilibrada;
- Automonitoramento da saúde;
- Exercícios aeróbicos;
- Controle do peso.
Fatores de risco psicossociais
Falta de apoio social, estresse no trabalho e na vida familiar, depressão, ansiedade, são riscos indiretos que interferem no modo como o indivíduo leva sua vida saudável. Além disso, tais fatores são os mais difíceis de serem modificados.
Certamente, a mudança de comportamento é um processo complexo, pois envolve aspectos individuais, culturais e ambientais. Desse modo, é fundamental adotar estratégias efetivas, como os métodos cognitivo-comportamentais para a adoção de um estilo de vida mais saudável.
Outro ponto essencial é o apoio social que fornece não só um suporte motivacional, mas também favorece a adesão de hábitos saudáveis e aos conselhos médicos.
Isso é importante pois o tratamento medicamentoso isoladamente com o objetivo de reduzir as DCVs podem ser ineficazes, uma vez que o paciente necessita de um apoio multidisciplinar.
Esse apoio melhora a qualidade de vida, e diretamente reduzirá os riscos dos desfechos cardiovasculares maiores.
Quer saber mais informações sobre o assunto? Então, entre em contato com a Conexa Saúde e saiba mais sobre as doenças cardiovasculares e a importância da Telecardiologia.
Texto: Lyz Tavares