Hidroxicloroquina | Dr. Gustavo Scaramuzza

hidroxicloroquina

Na crise global acerca do covid-19, uma série de propostas terapêuticas e ensaios clínicos e laboratoriais, com testes in-vitro e in-vivo tem sido feitos, desde vitaminas D, C, tiamina, medicações antirretrovirais usadas contra HIV e muitas outras vem sendo elencadas.

Dentre elas, uma associação promissora entre hidroxicloroquina e azitromicina parece ter demonstrado bons resultados.

Atenção ao que eu disse: PARECE ter demonstrado. Foi relatado que a cloroquina e a hidroxicloroquina inibem o SARS-CoV-2 in vitro, embora a hidroxicloroquina pareça ter atividade antiviral mais potente (segundo estudo publicado na China)

Uso de cloroquina

O uso de cloroquina está incluído nas diretrizes de tratamento da Comissão Nacional de Saúde da China e foi relatado como associado à progressão reduzida da doença e diminuição da duração dos sintomas. No entanto, os dados primários que sustentam essas alegações não foram publicados, segundo revisão feita por pesquisadores italianos (Cortegiani et al).

Outros dados clínicos publicados sobre um desses agentes são limitados. Em um estudo aberto de 36 pacientes com COVID-19, o uso de hidroxicloroquina foi associado a uma maior taxa de RNA SARS-CoV-2 indetectável em amostras nasofaríngeas no dia 6 em comparação com nenhum tratamento específico (70% vs 12,5%), num ensaio clínico publicado na International Journal of Antimicrobial Agents.

Preocupações metodológicas

Neste estudo, o uso de azitromicina em combinação com hidroxicloroquina parecia ter benefício adicional, mas existem preocupações metodológicas sobre os grupos de controle do estudo, e a base biológica para o uso de azitromicina nesse cenário não é clara.

Apesar dos limitados dados clínicos, dada a relativa segurança do uso a curto prazo de hidroxicloroquina (com ou sem azitromicina), a falta de intervenções eficazes conhecidas e a atividade antiviral in vitro, alguns médicos acham que é razoável usar um ou ambos esses agentes em pacientes que estão em um cenário possível: hospitalizados com risco grave de infecção, principalmente se não forem elegíveis para outros ensaios clínicos.

Lembre-se: a grande maioria dos paciente é ASSINTOMÁTICO e os que apresentam sintomas são, algo em torno de 80%, sintomáticos LEVES.

Antibióticos

Diante disso, surgem outros problemas, o uso indiscriminado de antibióticos, como já tem aparecido com a falta de azitromicina em algumas farmácias. Antibióticos são medicações utilizadas no tratamento de um número enorme de doenças e seu uso sem critério bem definido leva a resistência de microorganismos, piora cenários de infecção hospitalar e precisa de responsabilidade técnica e critérios bem definidos pra serem utilizados.

Em especial, a Azitromicina é utilizada para tratamento de doenças das vias respiratórias superiores e inferiores, como sinusite e pneumonia. E lembre-se que a infecção pelo covid-19 pode sim trazer sintomas muito parecidos com essas outras doenças comuns, o que faz com que precisemos de uma avaliação para real necessidade desse tipo de medicação.

Hidroxicloroquina

Agora voltando à hidroxicloroquina…Ela é uma medicação que tem seu uso muito bem estabelecido e já com evidência científica sólida contra malária.

Alguns outros usos off-babel incluem Lúpus, Artrite reumatoide e algumas doenças dermatológicas. Já há alguns relatos de falta deste tipo de medicação em algumas farmácias.

De novo, o foco no COVID-19 pode fazer com que agrave outros quadros de doenças importantes e que podem, em determinado momento, aumentar o número de internações e óbitos secundários. Na China, por exemplo, estima-se que houveram 5000 mortes por doença cardíaca isquêmica diárias. 5000 mortes por infarto POR DIA. Sobre alguns efeitos adversos da hidroxicloroquina:

  • Cardiovascular: Arritmia cardíaca, cardiomiopatia, alterações no ECG (incluindo intervalos QRS e QTc prolongados, inversão da onda T ou depressão), hipotensão, fibrilação ventricular
  • Sistema nervoso central: agitação, ansiedade, confusão, depressão, reação extrapiramidal (distonia, discinesia), alucinação, dor de cabeça, insônia, disfunção motora (distúrbio sensório-motor), alterações de personalidade, polineuropatia, psicose, convulsão.
  • Dermatológica: Alopecia, descoloração dos cabelos, pigmentação da pele, eritema multiforme, exacerbação da psoríase, dermatite esfoliativa, líquen plano, erupção cutânea pleomórfica, prurido, fotosensibilidade da pele, síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica, urticária
  • Endócrino e metabólico: hipoglicemia
  • Gastrointestinal: Cólicas abdominais, anorexia, diarréia, náusea, vômito
  • Hematológico e oncológico: agranulocitose (reversível), anemia aplástica, anemia hemolítica (em pacientes com deficiência de G6PD), neutropenia, pancitopenia, trombocitopenia
  • Hepático: hepatite medicamentosa
  • Hipersensibilidade: Reação anafilactóide, anafilaxia, angioedema
  • Imunológico: síndrome do DRESS
  • Neuromuscular e esquelético: miopatia, doença neuromuscular, miopatia proximal
  • Oftalmológico: distúrbios da acomodação, visão turva, opacidade da córnea (reversível), degeneração macular (pode ser irreversível), ambliopia noturna, retinopatia (incluindo alterações irreversíveis na terapia de longo prazo ou em altas doses de alguns pacientes) , escotoma transitório, defeitos no campo visual
  • Ótica: Surdez (nervo), perda auditiva (risco aumentado em pacientes com dano auditivo preexistente), zumbido

Procure orientação

O aviso, apesar de muitos nomes técnicos, fica melhor exemplificado pra alguns. Procure sempre orientação através de informação consistente com seu médico ou em plataformas amplamente utilizadas e em crescimento de teleorientação médica.

É uma excelente medicação se utilizada de forma criteriosa e a partir de uma avaliação profissional bem feita. Doentes portadores de doenças crônicas necessitam da hidroxicloroquina. Ela fica reservada a pacientes selecionados e casos graves em hospitais.

A melhor forma de combate é a informação, e claro, as medidas de proteção contra transmissão de gotículas e higiene pessoal.

Texto Dr. Gustavo Scaramuzza

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